Como superar a sua DOR?
- Valéria Meira
- 6 de mai. de 2015
- 5 min de leitura
A dor não é uma simples sensação, como enxergar ou ouvir; é algo muito mais complexo. Aristóteles descreveu a dor como sendo “uma paixão da alma”. Ela certamente reflete a maior área de interação entre o corpo e a mente.
A intensidade da dor pode ser alterada não apenas por medicamentos, mas também pelo humor, pela moral e pelo significado que a dor tem para casa indivíduo.
Vive com câncer é difícil e muitas vezes ainda desencadeia situações tais como a perda de energia, perda do emprego, dependência financeira, e assim por diante. Tais fatores levam a sentimentos como raiva, frustrações, ansiedade, medo e muitos outros mais, que acabam influenciando o grau de sensibilidade à percepção da dor.
A esse conjunto de fatores chamamos de dor total. O diagrama que segue dá uma ideia mais clara do que vem a ser a dor total:

SUPERANDO SUA DOR!
Medicamentos e suporte caminham juntos, um sem o outro não suficiente.
Todos nós ouvimos histórias desagradáveis sobre dores provocadas pelo câncer.
A dor é realmente um dos sintomas mais preocupantes com quem pessoas com câncer podem confrontar-se.
Mas é preciso sofrer em silêncio, pois a dor pode ser mantida sob controle.
Os médicos e a equipe que estão acompanhando vocês dispõem de uma série de recursos que podem ajudá-lo a superar a dor.
Para tanto, é importante que você lhes descreva exatamente como se sente e avise-se sempre que precisar de ajuda.
Você não vai ganhar pontos de ninguém por ser um “herói” e sofrer com a dor.
POR QUE ESTOU COM DOR?
A dor pode cocorrer por inúmeras razões como, uma infecção que se manifesta de forma dolorosa ou um tumor que pressionou um nervo ou um órgão vizinho. Às vezes a dor é percebida em lugares distantes do tumor, porque os nervos podem estar conduzindo-o pelo corpo. Por exemplo, uma dor causada por um tumor no tórax poderá se manifestar-se nos ombros ou nos braços. A essa dor chamamos de dor reflexa.
Você deverá comunicar ao seu médico toda a dor que vier e sentir, lembrando-se de que você está sujeito a dores de cabeça ou musculares como sempre esteve, até mesmo antes do câncer.
DESCREVENDO A DOR
Você pode achar difícil, mas, se conseguir descrever sua dor com precisão ao seu médico, ele poderá solucioná-la com maior facilidade. Quanto melhor você a descrever, melhor ideia ele terá de suas possíveis causas.
Algumas perguntas você poderá responder:
- Onde dói?
- A dor manifesta-se em uma ou mais partes do corpo?
- Ela começa em um lugar e se irradia para outras partes do corpo?
- Como é a dor? É alucinante ou apenas dolorida? Queima ou dá pontadas, por exemplo?
- É semelhante a alguma dor que você já sentiu antes?
- É dor superficial ou profunda?
- Quão intensa? Tente comparar a intensidade da sua dor com alguma que já teve ante, como dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, cólicas, dor de parto.
- Existe algo que alivia ou piora a dor? Por exemplo, você se sente melhor quando está de pé, sentado ou deitado? Calor ou frio ajudam? Você consegue controlar a dor com analgésico? Consegue distrair-se vendo TV, escutando música ou lendo um livro?
- A dor é persistente? Ela vai e vem? Piora à noite? Não deixa você adormecer? Interrompe o seu sono?
- Se você tivesse que dar uma nota de 1 a 10 à sua dor, que nota daria?
TRATANDO A SUA DOR
Muitas vezes acreditam que devam resistir a tomar um analgésico quando sente dores surtáveis, acreditando que o mesmo não fará efeito esperado quando as dores forem fortes demais. Assim, só tomam analgésicos quando a dor se torna insuportável.
- Essa é uma atitude errada!
Existem vários tipos de analgésicos para diferentes graus de dor. Portanto, não é preciso suportar nenhuma dor. Seu médico tem condições de receitar analgésicos leves, moderados ou potentes, sempre levando em consideração a intensidade da dor.
A escolha do analgésico dependerá do tipo e da gravidade da dor a ser tratada. Felizmente existe uma vasta gama de analgésicos disponíveis no mercado, na forma de comprimidos, gotas e injetáveis.
Porém, não espere a dor reaparecer para só então tomar outra dose da medicação, pois assim você sofrerá desnecessariamente até o remédio ser absorvido pelo organismo e começar a agir novamente.
Para dor crônica de difícil controle, existe forma potente de administração de medicamento para controle da dor que se faz através de analgésico transdérmico. Difere dos outros, por ser aplicado através de um adesivo colocado na pele, que vai liberando a medicação gradativamente, necessitando de troca apenas a cada 3 dias.
Ficar dependente de analgésicos é outra preocupação dos pacientes. É pouco provável que você fique dependente, pois as doses que seu médico lhe receitar serão calculadas de acordo com sua necessidade, e só terão de ser aumentadas caso as dores piorem.
- Leva algum tempo até que as necessidades individuais de cada organismo sejam sannadas. Portanto, seja perseverante e não sofra em silêncio.
O QUE SUA FAMÍLIA OU AMIGOS PODEM FAZER POR VOCÊ?
Os medicamentos são a base do controle da dor, mas, na realidade, eles são apenas um dos aspectos do tratamento. Existem muitas coisas que seus familiares podem fazer para que você se sinta mais confortável e tenha sua dor aliviada.
- Alguém poderá ajudá-lo a mudar de posição caso a forma que você está sentado ou deitado, estiver afetando a sua dor.
- É bom trocar a roupa de cama com frequência do que normalmente. A pessoa doente se sente melhor quando volta para uma cama fresca com lençóis esticados.
- Travesseiros usados como apoio ajudam muito a reduzir dores de pescoço e costas.
- Não é preciso ser massagista para aliviar dores nas costas ou qualquer outra parte do corpo com massagens suaves. Massageando a área dolorida, consegue-se confundir as mensagens de dor que os nervos enviam ao cérebro e, ao mesmo tempo, relaxar a musculatura.
- Assistir televisão, escutar música ou conversar com alguém vai diminuir suas dores, mas ajudará a distrair a sua atenção delas, pelo menos por algum período de tempo.
- Praticar atividades com seus familiares, mesmo que seja por curta duração, podem ajudar a levantar o ânimo e a lidar melhor com a dor.
- Relaxamento, visualização ou a combinação das duas técnicas podem, às vezes, contribuir para diminuir a dor. O relaxamento e a meditação já tem em sua essência aliviar tensões, ansiedades e outros fatores emocionais que possam estar piorando a dor.
- Se você tem fé, o seu padre, pastor ou líder religioso poderá ajudá-lo muito nas horas difíceis.
- Você também pode estar ansioso por causa dos tratamentos contra o câncer ou pelas dificuldades
em lidar com os efeitos colaterais. Muitas vezes, familiares ou amigos também não sabem exatamente como lidar com isso tudo, mais ficar junto, saber escutar e entender muitas vezes já é o suficiente. Explique-lhes isso!
- Para superar a dor, a preocupação e a angústia provocadas pelo cancêr, pelos tratamentos e efeitos colaterais, é necessário o esforço de uma equipe inteira e, para melhores resultados, você precisa de todos ao seu lado!
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